sexta-feira, 15 de maio de 2015

Mai de 2015 - As flores e a primavera no Japão

Como já comentei em posts anteriores, as quatro estações do ano são muito bem marcadas no Japão, com neve no inverno, folhagens avermelhadas no outono, o calor do verão, mas, principalmente, as flores da primavera. As mais famosas, é claro, são as flores de cerejeira. Estas árvores estão espalhadas por todo o país, por ruas, parques e até mesmo ao redor de castelos. As flores, chamadas sakuras, existem em várias tonalidades entre o rosa e o branco.

Flores de cerejeira no Castelo de Himeji, 2015

A tradição japonesa é aproveitar a época de florescimento das sakuras para fazer o hanami, que significa apreciar as cerejeiras em flor. Em família, grupos de amigos ou até casais, o programa para as tardes é fazer piqueniques sob as cerejeiras. Nos finais de semana, pode ser até difícil encontrar lugar nos parques mais movimentados pelo número de pessoas, principalmente devido ao fato de ainda ser época de férias escolares.

Hanami no Parque do Castelo de Osaka, 2015
Infelizmente, as cerejeiras se mantêm floridas por cerca de duas semanas apenas. Com o primeiro dia ventoso ou chuva mais forte, as pétalas caem das árvores e deixam o chão e os rio cor-de-rosa, mas as árvores vão perdendo suas flores e retomam as cor verde das flores.

Flores de Cerejeira em Kobe, 2015
Nessa época, existem muitos festivais de flores pelo país inteiro, de acordo com a região. Alguns parques possuem um único tipo de flor, criando uma paisagem única naquela época específica no ano. Um bom exemplo é o Parque Akashi Kaikyo, na Ilha de Awaji, que fica cheio de tulipas.

Parque Akashi Kaikyo, Ilha de Awaji, 2014

O Festival das Azaléias, no parque Nishiyama, em Sabae, também é muito bonito. Com Azaléias brancas, vermelhas, cor-de-rosa e até mesmo laranjas, o parque é repleto de arbustos coloridíssimos durante o final de abril e início de maio.

Festival das Azaléias no Parque Nishiyama, Sabae, 2014

Alguns festivais tem cenários ainda mais majestosos, como o Festival Shibazakura, na base do Monte Fuji. A flor chamada shibazakura é uma flor rasteira em tons de cor-de-rosa assim como a flor de cerejeira, por isso leva a palavra sakura em seu nome. O parque fica com o chão colorido e com o Monte no fundo. É uma vista de tirar o fôlego.

Festival Shibazakura, na base do Monte Fuji, 2015

A primavera com certeza é uma das épocas mais bonitas para visitar o Japão.

sábado, 28 de fevereiro de 2015

Fev de 2015 - Festival da Neve

Algumas semanas atrás, fui pela primeira vez para a Ilha de Hokkaido, região mais ao norte do Japão. Todos os anos em fevereiro ocorre o "Festival da Neve", famoso mundialmente e que atrai muitos turistas, inclusive estrangeiros. O festival ocorre em Sapporo, uma das principais cidades de Hokkaido. O evento recebe mais de 2 milhões de visitantes para ver as centenas de esculturas de gelo, aproveitar as atividades, experimentar as comidas da região e assistir a apresentações musicais, de luzes e até esportivas.

Parque Odori, Sapporo

O festival acontece em três locais. A principal e maior área é o Parque Odori, que se distribui por 12 quadras na região central da cidade. Além das grandes esculturas temáticas, o parque oferecia ringue de patinação no gelo, pista com exibição de saltos em esquis, uma grande praça de alimentação e várias outras atrações. Uma das esculturas mais fotografadas foi a cena de Star Wars, que à noite era iluminada por luzes coloridas, acompanhadas por músicas tema dos filmes. Outra atração bastante popular foi o show de bonecos de Alice no País das Maravilhas.

Escultura de gelo de Star Wars, Festival da Neve, Sapporo, 2015
Show de Bonecos de Alice no País das Maravilhas, Festival da Neve, Sapporo, 2015
O segundo local fica no bairro Susukino, muito popular para as saídas noturnas, com bares e izakayas (bares típicos japoneses). Neste local, uma competição de esculturas de gelo fica exposta para os visitantes. Muitas das esculturas são patrocinadas por estabelecimentos locais.

Escultor refazendo sua obra de arte, Susukino, Sapporo, 2015

O último local chama-se Tsudome. Trata-se de um ginásio da comunidade local. Esta área é basicamente preparada para atividades de neve, como escorregadores de gelo, jogos, snowrafting, labirintos de neve entre outros. No interior do ginásio, além de praças de alimentação, diversos jogos infantis ficam a disposição para as crianças.

Escorregador de gelo, Tsudome, Sapporo, 2015

O festival é realmente interessante. Entretanto, para fugir das multidões, escolhi evitar o final de semana. Considerando que o evento começou em uma sexta-feira, a minha chegada, segunda-feira, ocorreu no quarto dia de evento. Nos dias anteriores, por causa de chuvas e alterações climáticas, as esculturas sofreram diversos danos. Algumas tiveram partes derretidas, outras estavam simplesmente irreconhecíveis. As grandes esculturas mantiveram-se em pé, com pequenas partes dissolvendo-se a com superfícies não tão perfeitas quanto inicialmente.

Escultura de Olaf, Parque Odori, Festival da Neve, Sapporo, 2015

Mas o festival da Neve não é a única atração a ser contemplada em Sapporo no inverno. Uma subida ao monte Moiwa revelou belíssimas paisagens cobertas de neve. A subida acontece parte por teleférico, parte por mini cable-car.

Vista do Monte Moiwa, Sapporo

A visita a Sapporo foi muito interessante. E a vontade de voltar no verão ou primavera fica por aí...

sábado, 31 de janeiro de 2015

Jan de 2015 - Um pouco de inverno

Como muitos devem saber, por estar localizado no Hemisfério Norte, as estações japonesas são contrárias às do Brasil, ou seja, os meses de dezembro, janeiro e fevereiro são inverno. Também é importante ressaltar que apesar de pequeno, o Japão é um arquipélago comprido e estreito, fazendo com que o país tenha variação de temperaturas de acordo com a localidade. Enquanto Okinawa, a ilha mais ao sul, mantém uma temperatura média de cerca de 19º durante o inverno, Hokkaido, a ilha mais ao norte, chega a temperaturas abaixo de zero. Em Kobe, a temperatura tem variado ao redor de uns 9º.

Pavilhão Dourado (Kinkakuji), Kyoto, 2015

As estações no Japão também são muito bem demarcadas, com primaveras verdes e floridas e outonos de folhagens amareladas e avermelhadas. Para o inverno, temos árvores sem folhagens e um eventual acúmulo de neve pela parte central do país. O inverno também significa noites mais longas. Pelas 17h30, o exterior já está escuro e o amanhecer acontece apenas perto das 7h. Se somarmos longas noites de inverno com as celebrações de final de ano, o resultado que temos é: iluminações. Nesta época, acontecem diversos eventos de iluminação pelo Japão inteiro.

Neste inverno, eu visitei alguns. Começando com o Luminarie, na cidade onde moro: Kobe. Este festival vem acontecendo anualmente no mês de dezembro, de 1995, em homenagem às vítimas do Grande Terremoto. A instalação é composta por cerca de 200 mil lâmpadas pintadas a mão doadas pelo governo italiano. Para manter o evento sustentável, é utilizada a energia de biomassa (gerada por decomposição de materiais orgânicos). O evento dura duas semanas e atrai mais de 4 milhões de pessoas todos os anos. Nas proximidades, diversas bancas de comidas são montadas no estilo festival japonês. O layout das luzes é diferente cada ano. Para chegar até as luzes, uma longa fila é demarcada pelas ruas de acesso bloqueado a veículos. Mas mesmo com a multidão, vale a pena a visita. Este ano, algumas partes formavam flores de lis, o que apenas tornou o momento mais especial para mim.

Kobe Luminarie, 2014
Alguns dias mais tarde, eu me aventurei pela região de Arashiyama, em Kyoto, conhecida pela sua Floresta de Bambus. Este evento, chamado Hanatouro, ocorre desde 2005, com iluminações especiais na Floresta de Bambus e na Ponte Togetsukyo. A iluminação funciona apenas durante três horas e meia por noite, infelizmente. São cenas inesquecíveis, com certeza.

Floresta de Bambus durante o Hanatouro, Arashiyama, 2014
Ponte Togetsukyo, Arashiyama, 2014

Em Osaka, os eventos de final de ano são inúmeros. Um deles, também com curta duração foi a instalação do Pato de Borracha... sim Pato de Borracha. Instalada pela primeira vez em 2009, a escultura de Florentijn Hofman mede 10m de altura e é acompanhada por um pequeno show de água e luzes. 

Escultura do Pato de Borracha, Osaka, 2014
Mas a grande atração de Osaka é a projeção em 3D nas paredes do Castelo de Osaka. A entrada no parque não é nem perto de barata. Eles dão um leve desconto para estrangeiros (cerca de 100 yens). Nas proximidades do castelo, várias decorações estão espalhadas, incluindo um túnel de luzes. A projeção no castelo dura pelo menos uns quinze minutos. Com uma música acompanhando as imagens o Castelo passa de cenas de samurais, para padrões alternativos, para transformações do próprio castelo, terminando com uma cachoeira que dá vida a uma fênix e a um dragão dourado. É um show que vale a pena. Ao lado do Castelo, também há um show de música e luzes que vai de música clássica a rock moderno. No fim das contas, vale o valor do ingresso.

3D Mapping no Castelo de Osaka, 2014

Estes foram eventos aqui nas redondezas, mas o Japão inteiro organiza diversos. Porém, não posso falar de final de ano sem falar das festividades natalinas e de Ano Novo, que é claro, são completamente diferentes do que estamos acostumados. O Japão não é um país cristão. As principais religiões do Japão são o Budismo e o Xintoísmo. E em nenhuma delas o feriado de Natal é celebrado. Entretanto, o mundo inteiro conhece a figura do Papai Noel e o dia de Natal. Os japoneses acabaram por adaptar para a cultura deles. O nosso feriado familiar, para eles, é algo como o Dia dos Namorados. É o dia de sair com namorado, marido, noivo, etc. É um dia romântico e um dia lúdico ao mesmo tempo, pois muitos japoneses escolhem vestir fantasias de Papai Noel, Mamãe Noel ou até de rena e Árvore de Natal, em homenagem ao feriado. 

O Ano Novo também é diferente mas por outros motivos. A tradição japonesa de Ano Novo consiste em ir ao templo, fazer seus pedidos e preces, tirar a sorte do Ano Novo. Os templos também ficam repletos de bancas de comidas e jogos. O Ano Novo torna-se um festival, que duram por uns três dias. Alguns vão com roupas normais, outros se vestem em kimonos e participam de forma mais tradicional. Na noite de Ano Novo, os grandes templos costumam ser bem lotados. 

Ikuta Jinja no Ano Novo, Kobe, 2014
Mas o inverno ainda não acabou. E a previsão é que fique cada vez mais frio. Lá vamos nós...