Como muitos devem saber, por estar localizado no Hemisfério Norte, as estações japonesas são contrárias às do Brasil, ou seja, os meses de dezembro, janeiro e fevereiro são inverno. Também é importante ressaltar que apesar de pequeno, o Japão é um arquipélago comprido e estreito, fazendo com que o país tenha variação de temperaturas de acordo com a localidade. Enquanto Okinawa, a ilha mais ao sul, mantém uma temperatura média de cerca de 19º durante o inverno, Hokkaido, a ilha mais ao norte, chega a temperaturas abaixo de zero. Em Kobe, a temperatura tem variado ao redor de uns 9º.
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Pavilhão Dourado (Kinkakuji), Kyoto, 2015 |
As estações no Japão também são muito bem demarcadas, com primaveras verdes e floridas e outonos de folhagens amareladas e avermelhadas. Para o inverno, temos árvores sem folhagens e um eventual acúmulo de neve pela parte central do país. O inverno também significa noites mais longas. Pelas 17h30, o exterior já está escuro e o amanhecer acontece apenas perto das 7h. Se somarmos longas noites de inverno com as celebrações de final de ano, o resultado que temos é: iluminações. Nesta época, acontecem diversos eventos de iluminação pelo Japão inteiro.
Neste inverno, eu visitei alguns. Começando com o Luminarie, na cidade onde moro: Kobe. Este festival vem acontecendo anualmente no mês de dezembro, de 1995, em homenagem às vítimas do Grande Terremoto. A instalação é composta por cerca de 200 mil lâmpadas pintadas a mão doadas pelo governo italiano. Para manter o evento sustentável, é utilizada a energia de biomassa (gerada por decomposição de materiais orgânicos). O evento dura duas semanas e atrai mais de 4 milhões de pessoas todos os anos. Nas proximidades, diversas bancas de comidas são montadas no estilo festival japonês. O layout das luzes é diferente cada ano. Para chegar até as luzes, uma longa fila é demarcada pelas ruas de acesso bloqueado a veículos. Mas mesmo com a multidão, vale a pena a visita. Este ano, algumas partes formavam flores de lis, o que apenas tornou o momento mais especial para mim.
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Kobe Luminarie, 2014 |
Alguns dias mais tarde, eu me aventurei pela região de Arashiyama, em Kyoto, conhecida pela sua Floresta de Bambus. Este evento, chamado Hanatouro, ocorre desde 2005, com iluminações especiais na Floresta de Bambus e na Ponte Togetsukyo. A iluminação funciona apenas durante três horas e meia por noite, infelizmente. São cenas inesquecíveis, com certeza.
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Floresta de Bambus durante o Hanatouro, Arashiyama, 2014 |
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Ponte Togetsukyo, Arashiyama, 2014 |
Em Osaka, os eventos de final de ano são inúmeros. Um deles, também com curta duração foi a instalação do Pato de Borracha... sim Pato de Borracha. Instalada pela primeira vez em 2009, a escultura de Florentijn Hofman mede 10m de altura e é acompanhada por um pequeno show de água e luzes.
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Escultura do Pato de Borracha, Osaka, 2014 |
Mas a grande atração de Osaka é a projeção em 3D nas paredes do Castelo de Osaka. A entrada no parque não é nem perto de barata. Eles dão um leve desconto para estrangeiros (cerca de 100 yens). Nas proximidades do castelo, várias decorações estão espalhadas, incluindo um túnel de luzes. A projeção no castelo dura pelo menos uns quinze minutos. Com uma música acompanhando as imagens o Castelo passa de cenas de samurais, para padrões alternativos, para transformações do próprio castelo, terminando com uma cachoeira que dá vida a uma fênix e a um dragão dourado. É um show que vale a pena. Ao lado do Castelo, também há um show de música e luzes que vai de música clássica a rock moderno. No fim das contas, vale o valor do ingresso.
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3D Mapping no Castelo de Osaka, 2014 |
Estes foram eventos aqui nas redondezas, mas o Japão inteiro organiza diversos. Porém, não posso falar de final de ano sem falar das festividades natalinas e de Ano Novo, que é claro, são completamente diferentes do que estamos acostumados. O Japão não é um país cristão. As principais religiões do Japão são o Budismo e o Xintoísmo. E em nenhuma delas o feriado de Natal é celebrado. Entretanto, o mundo inteiro conhece a figura do Papai Noel e o dia de Natal. Os japoneses acabaram por adaptar para a cultura deles. O nosso feriado familiar, para eles, é algo como o Dia dos Namorados. É o dia de sair com namorado, marido, noivo, etc. É um dia romântico e um dia lúdico ao mesmo tempo, pois muitos japoneses escolhem vestir fantasias de Papai Noel, Mamãe Noel ou até de rena e Árvore de Natal, em homenagem ao feriado.
O Ano Novo também é diferente mas por outros motivos. A tradição japonesa de Ano Novo consiste em ir ao templo, fazer seus pedidos e preces, tirar a sorte do Ano Novo. Os templos também ficam repletos de bancas de comidas e jogos. O Ano Novo torna-se um festival, que duram por uns três dias. Alguns vão com roupas normais, outros se vestem em kimonos e participam de forma mais tradicional. Na noite de Ano Novo, os grandes templos costumam ser bem lotados.
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Ikuta Jinja no Ano Novo, Kobe, 2014 |
Mas o inverno ainda não acabou. E a previsão é que fique cada vez mais frio. Lá vamos nós...